sábado, 17 de outubro de 2015

Arte ao Lado: Katia Politzer

Ao longo do projeto, comecei a perceber que as três perguntas feitas para os artistas gerariam reflexões profundas. Seria preciso que eles debruçassem sobre si mesmos e suas produções em busca de significado. Katia Politzer está passando exatamente por esse momento de análise de seus trabalhos para entender as relações deles consigo e com o mundo. Graduada pela Escola de Belas Artes da UFRJ, com cursos, exposições e prêmios nacionais e internacionais no currículo, hoje ela se considera uma artista visual que, depois de experimentar diversos materiais, se apaixonou pelo vidro como componente primário de uma linguagem que relaciona forma e textura e luz através de transparência, brilho e cor.

Tatuagem
Sendo um material inerte e 100% reciclável que é tão longevo quanto frágil, o vidro se torna um desafio técnico. Katia usa a técnica de fusão para a criação de peças tanto figurativas quanto abstratas baseadas nos padrões geométricos do grafismo indígena brasileiro, em elementos típicos de sua cultura, em nossa flora tropical e nas paisagens do Rio de Janeiro. Ela corta, fura, esmalta e até “costura” com fio de aço suas obras em vidro, que utilizam padrões da estética primitiva que são parte intrínseca de objetos e pinturas corporais sem o caráter de arte ocidental. A matéria-prima que não pertence ao repertório indígena deseja desvincular o elemento gráfico e seu significado do objeto de origem, transformando-o em linguagem de arte.

Kayabi
Cocar
Luminária

Cestaria
Durante anos lecionou arte para crianças e adolescentes. Foi onde (felizmente) cruzamos nossos caminhos. Sua delicadeza e generosidade se estendem à sua obra: o material considerado frágil é capaz de demonstrar força, durabilidade, beleza e transparência - características que fazem parte de sua personalidade. É como se ela e o vidro fossem alma gêmeas: o que, aliás, todo o artista deve ser com sua arte.

2 comentários:

Graça disse...

Katia, sou sua fã incondicional quer como artista criativa e perfeccionista, quer como professora querida, quer como pessoa com qualidades que são raras nos dias de hoje. Fico muito feliz que as tramas tecidas pela vida tenham permitido que o seu caminho se entrelaçasse com o do Filipe. Parabéns pelo que você já é e pelo que vier a ser (a eterna inquietude do artista!).

Wallace disse...

Curtí!