segunda-feira, 12 de março de 2018

Famílias da Galáxia

We. Are. Groot.

Essa frase de Groot, a segundos de morrer e salvar a todos, determina toda a sequência do sucesso: Guardiões da Galáxia vol. 2 (Guardians of the Galaxy vol. 2, 2017) é um filme que fala de família, de uma equipe disfuncional exatamente por serem mais do que simples amigos ou mercenários. Vejam:
  • A paternidade do Senhor das Estrelas já era uma questão desde que Peter segura a Joia do Infinito contra Ronan e a Tropa Nova descobre que ele tem meio sangue alienígena. Na última cena do primeiro filme, ainda vemos Youndu conversando com Kraglin sobre o sequestro de Peter ter sido encomendado por seu pai. Nos quadrinhos, Peter é filho de J'Son, regente do planeta Spartax. Aqui ele é elevado a categoria celestial ao ser filho de Ego, o Planeta Vivo. Apesar da mudança drástica, a ideia caiu bem se avaliarmos o personagem de Peter em si. No entanto, essa relação é a mais morna e lenta do filme.
  • Isso porque a outra "paternidade" é muito melhor: o carinho nutrido por Youndu, transforma o quase vilão no primeiro filme em um anti-herói (e numa Mary Poppins badass) que fecha o filme com tristeza. O crescimento desse personagem é gritante.
  • Peter e Rocky estabelecem uma visível relação de irmãos em constante conflito, assim como Gamora e Nebula. Só entendemos Rocky depois de uma conversa que ele tem com Youndu que aumenta a carga emocional de ambos os personagens. Só entendemos Nebula, quando Gamora lhe dá ouvidos. Esses personagens ganham profundidade e nos conecta.
  • Rocky e Groot se tornaram sucessos mundiais e até ganharam revistas próprias. Porém, é Groot que se torna protagonista. Ele termina um bebê germinando e começa um bebê birrento. Vive brigando com Drax (seu irmão birrento), mas termina em seus braços. Peter e Gamora estabelecem uma relação de quase filho com ele, mas esse papel é de Rocky.
  • Drax é um caso a parte. Ele é aquele membro inconveniente da família independente do grau de parentesco. Pra mim, exageraram no tom, deixando muito acima do necessário, mas não dá pra negar que ele pontua o humor do filme.

Como já conhecemos os personagens, ficou mais fácil desenvolvê-los. O filme é muito mais grandioso do que o primeiro, principalmente se levarmos em consideração que agora o vilão é um planeta inteiro! No entanto, é possível ver que toda inovação foi gasta no primeiro filme: mesmas fórmulas são seguidas até mesmo de enquadramento de cenas. A música tão maravilhosamente bem colocada anteriormente também tem seus momentos, mas não chega aos pés.

Com relação a Ego, sinceramente, teve seus altos e baixos. Ser um celestial, dar poderes a Peter, plantar flores em planetas... acho que ficou tudo cheio de pontas a serem aparadas. O acerto ficou na contratação de Kurt Russel que acerta o tom e ainda parece fisicamente com Chris Pratt pra ser seu pai de verdade.

A entrada de Mantis pra mim foi muito mal construída. A personagem não é fácil de explicar nem nos quadrinhos, mas ela é totalmente desnecessária. Sim, ela está bem encaixada, mas me parece que seria possível resolver tudo sem sua presença. Assim como Ayesha e os Soberanos. Suas motivações são muito pequenas para uma perseguição vingativa ininterrupta, mas, na cena pós-crédito, pode ter sido responsável pela introdução de um personagem antagonista a Thanos: Adam.

A colocação de mais Guardiões da Galáxia como Saqueadores foi pra fã, mas não sei se teve o impacto desejado (NOTA: Sylvester Stallone interpreta um famoso guardião chamado Águia Estelar, que no filme está totalmente descaracterizado. Uma das cenas pós-créditos mostra outros também descaracterizados. Talvez Ving Rhames como Charlie-27 seja o mais próximo.)

Tiro como conclusão que esse filme ainda é muito bom porque os personagens construídos no primeiro se mantém em forma e são ainda mais aprofundados (com destaque para Youndu). Porém, a história de fundo precisaria de mais trabalho. A equipe agora será vista na Guerra Infinita e existem planos para o fechamento da trilogia em 2020, mas tenho a impressão que deveria parar.

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