quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Drummond-se

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

Carlos Drummond de Andrade (faria 110 anos hoje)

terça-feira, 30 de outubro de 2012

50 x 007

Em 5 de outubro de 1962, o filme 007 Contra o Satânico Dr. No (Dr. No) foi lançado nos EUA e deu início a uma das séries mais famosas do cinema. Para homengear o cinquentenário em 2012, o canal oficial da franquia no Youtube publicou um vídeo que relembra os principais momentos de James Bond nas telas. Confira:



Na esteira - além do lançamento da coleção completa em blu-ray -, veio o 23º filme do espião, 007 - Operação Skyfall (007 Skyfall, 2012), novamente protagonizado por Daniel Craig. No vídeo acima, James Bond é descrito como charmoso e sofisticado... mas o espião do século 21 é bruto. A direção dada ao Bond de Craig se baseia na ação e não na sensualidade (ou nos incríveis equipamentos) que consegue seus objetivos. O filme não é ruim, mas é um filme comum. O que mais empolgou a platéia foi o reaparecimento do Aston Martin das antigas. O vilão de Javier Bardem é bom e interessante, mas não carrega a película. Judi Dench até pediu pra sair...

domingo, 28 de outubro de 2012

Reflexão natural

O americano Daniel Kukla é fotógrafo, mas também biólogo e antropólogo. Ele gosta de capturar imagens que esteja na fronteira de seus conhecimentos, articulando as relações do mundo natural. Em março de 2012, ganhou uma bolsa para trabalhar como artista-residente no Joshua Tree National Park (Carolina do Sul, EUA) e se encantou pelos ecossistemas em justaposição do local. Para documentar o que em biologia se chama "efeito de borda", Kukla utilizou um espelho sobre um cavalete. A série The Edge Effect capta através da fotografia os contrastes que a natureza nos revela através de um reflexo.



Achei muito bom!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pequena mudança

Fiz uma pequena alteração de layout por aqui. Agora tanto as postagens sobre cartazes quanto os meus comentários sobre exposições que visitei deixaram a barra lateral para se tornarem parte de um menu... esse que você estão vendo aí em cima após o título/subtítulo do blog. Achei melhor e ainda me abre a possibilidade de criar novas áreas de interesse, como, por exemplo, Artes.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O difícil elogio merecido

Transcrevo aqui parte do texto de Fabrício Carpinejar sobre a dificuldade que temos de aceitar/receber um elogio:
Generosidade não é oferecer presentes, mas saber recebê-los. Quando alguém nos dá algo que a gente queria muito, sabe o que falamos?
— Não precisava.
Por que mentimos? Isso demonstra uma dificuldade geral para ganhar elogios. Uma incompetência para ser feliz direto, de primeira, sem coitadismo, sempre temos que fazer charme e beiço e fingir que somos desimportantes. Não acreditamos no elogio. Pensamos que é interesse, oportunismo, falsidade, exagero.
Se uma estranha recebe meu elogio, já julga que é cantada.
Se a namorada recebe meu elogio, já julga que quero sexo.
Se o filho me elogia de repente, eu já julgo que é pedido de dinheiro.
Mania de menosprezar o amor simplesmente porque não nos sentimos merecedores do amor.
Por isso, hoje aceite o elogio com sinceridade. E diga apenas: obrigado, obrigado, obrigado!
Me identifiquei.
(Via Carpinejar)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Delícia astronômica

Adoradores de Häagen-Dazs, tremei! Os melhores sorvetes do mundo chegaram à lua!

Iced Moons
A lua branca é bolo de pistache, sorvete de macadâmia e merengue cobertos por sorvete de framboesa. A lua laranja é chocolate crocante, sorvete de nozes e caramelo salgado cobertos por sorvete de baunilha.

Tá com água na boca, né? Então... esses deliciosos bolos de sorvete da marca americana (achou que era escandinava?) foram criados pelo casal de designers Nipa Doshi (indiana) e Jonathan Levien (escocês). Na verdade, eles buscaram inspiração no cinema mudo, mais especificamente no filme Viagem à Lua, de Georges Méliès; (se você viu O Artista, sabem que ele é), entre outros lugares. Só espero que sejam produzidos logo e cheguem aqui!
(Via Bem Legaus)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Hipocrisia racial, social, cultural etc etc etc...

Serei curto e grosso: essa história do "mendigo gato" é uma das maiores hipocrisias na história do racismo / preconceito social deste país.

Só porque é branco, loiro, de olhos azuis merece tanto destaque? Já existe campanha nas redes sociais para tirar o cara da rua, quem sabe até arranjar-lhe emprego na indústria fashion. Sério! E olha que ele nem é o único "mendigo nórdico" a morar nas ruas do sul do Brasil.

Será que haveria essa comoção toda se fosse um negro, mesmo que lindo? É óbvio que não. Negro maltrapilho não choca. Faz parte da vida. Negro drogado, então? Muita gente prefere que morra. Mas um ariano drogadinho com cara de modelo? Só consigo enxergar um certo nazismo enraizado...

Espero que a família recupere o rapaz porque minha indignação não é com ele ou com seu sofrimento, mas com a mídia que nós andamos consumindo e alimentando-a. Revejam seus conceitos.

sábado, 20 de outubro de 2012

Casa de papel

Casa Cor que nada... showroom da Orlean, isso sim! Cada papel de parede! Acústico, 3D, texturizado, camurçado... é o destaque sem dúvida da 22ª edição do evento de decoração que fui esta semana pela 8ª vez consecutiva!

E está cada vez mais fraco mesmo... antes sempre tinha alguma novidade, fossem os lofts (2008), os jardins (2010), as TVs em tudo que é lugar ou até mesmo as gavetas de cozinha que tinham amortecedor para fechar (que hoje é obrigatório). Dessa vez... NADA!

Essa onda de deixar parte da obra aparecendo (canos, tinta descascada etc) ficou com cara de desleixo... Achei muito ruim. Fora isso dizer que é sustentável só porque usa madeira de demolição e reutiliza sucata é ridículo. Os arquitetos parecem ter desistido de inovar ou ter uma proposta para mostrar qualquer coisa no evento. Aliás, parecia que nem mesmo o cômodo em si foi seguido... o quarto do carioca não tinha nada de cvarioca, o salão de jogos parecia estúdio de automobilismo... sei lá.

Com isso, o melhor está no quarto e último andar: o Flashback Bar. Boa música, bons petiscos, excelentes sofás, climaço! Usar o elevador para área do DJ e uma área reservada como lounge ficaram excelentes.


Para os bons observadores e amantes de arte em geral, verão que todos os quartos se tornaram uma galeria, porque o investimento nesta parte foi alta. Daria até para fazer um tour guiado só pra falar das obras e artistas que foram contemplados. A joalheria também está interessante e só. Fica até o dia 19 de novembro, mas só serve para o happy hour musical no bar.

* Sobre a casa: de frente para o Pão de Açúcar, em endereço nobre (Av. Rui Barbosa), a Casa Cor Rio se instala em um casarão com pé direito altíssimo e amplas janelas. O belo e famoso prédio em estilo eclético foi erguido em 1922 pela Prefeitura do Rio. Abrigou até 1926 o Hotel Balneário Sete de Setembro. Depois foi sede do Internato da Escola de Enfermagem Anna Nery (1926-1973) e da Casa do Estudante Universitário (1973–1995).

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Na onda do tatu

Apesar das inúmeras críticas quanto aos nomes que a Fifa escolheu para a votação, o tatu-bola, mascote da Copa do Mundo no Brasil, fez sucesso. Tanto sucesso que a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) resolveu ter um representante da nossa fauna para o vôlei de praia: o Siribol!

Esse nome ganhou (por 47% em uma votação aberta pela internet) de Sirilo e Casquinha.


Agora, o Zecaré (jacaré verde e amarelo) que também pisava na areia para animar os torcedores, passa a ser apenas o representante do vôlei de quadra.

Detalhe: eu até achei Sirilo um nome mais divertido que Siribol (que parece nome de um esporte exquisito que se joga de costas), mas o que não dá pra negar é que nosso naming é muito melhor do que o da Fifa, independente da explicação universal que eles queram dar. Fuleco, Zuzeco e Amijubi são meio fraquinhos, não?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Tocante

Intocáveis (Intouchables, 2011) é bem melhor do que você imagina. É bem escrito, bem dirigido, bem editado e muitíssimo bem atuado. Os dois protagonistas disputaram o César de melhor ator (Oscar francês), que ficou merecidamente com o negão Omar Sy (primeiro negro a ganhar o prêmio), vencendo inclusive o ganhador do Oscar Jean Dujardin (d'O Artista). Foi a maior bilheteria em língua não-inglesa do ano passado em todo o mundo. Apesar disso, foi mal recebido nos Estados Unidos não só por ser estrangeiro, mas por ser "agressivo e estereotipado" demais. Aliás, essa foi a crítica n'O Globo. Talvez por isso tenha demorado a chegar por aqui.

Questiona-se o estereótipo do negro ferrado e deficiente zilionário numa França em crise. Questiona-se até mesmo a troca de culturas porque, na história real que inspirou o filme, o enfermeiro não era negro e sim argelino (mais uma contribuição xenófoba do país?). Tenha isso em mente, mas entendam que isso vai se apagar assim que os dois atores começarem a contracenar.

"Somos todos iguais". "Só o amor constrói". São algumas das frases cliché que virão à sua cabeça depois do filme. A trama poderia ter virado um filme pesado por conta da história trágica do riquíssimo tetraplégico Philippe (o perfeito François Cluzet) e do ex-presidiário senegalês Driss (Omar Sy).



Driss é boa praça, sedutor, descolado, verborrágico e excelente dançarino. Politicamente incorreto, diz o que pensa e se espanta com os rapapés da alta burguesia. Através de Philippe recebe uma chance de fugir de sua realidade complicada na periferia e reencontrar um caminho na sua vida. E, através de Driss, Phillipe percebe uma chance de escapar de dias sem esperança e sem estímulos. É através do bom humor e da sinceridade mordaz de duas concepções diferentes de vida que vai conquistando o outro sem pieguice ou falsa compaixão. Ambos se colocam enfim vulneráveis, se despem de suas certezas.
Ele é insuportável, vaidoso, orgulhoso, brutal, inconstante, humano. Sem ele, eu estaria morto por decomposição. Abdel cuidou de mim sem cessar, como se eu fosse um bebê de colo. Atento ao menor sinal, presente em todas as minhas ausências, ele me liberou quando fiquei preso, me protegeu quando eu estava fraco. Ele me fez rir quando eu não aguentava mais. Ele é meu diabo guardião. (citação do livro "O segundo suspiro", escrito por Phillipe Pozzo di Borgo, o protagonista real, sobre Abdel Sellou, o verdadeiro enfermeiro)
São os contrastes que dão equilíbrio ao filme: riqueza X pobreza, negro X branco, clássico X moderno, drama X comédia, desigualdades físicas X sociais, realidade X fantasia. Nenhuma dessas questões, contudo, chega a ser abordada em profundidade no roteiro dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano, pois o importante é a relação entre Philippe e Driss. Destaque para o elenco de apoio que também vai muito bem e mostra como a bondade pode mudar tudo. TUDO.

A frase que vai realmente ficar na sua cabeça é: não seria possível aliar uma boa vida a menos certezas e armaduras, também fora das telas? Fica a dica.

PS.: Não confundam com Os Intocáveis (The untouchables, 1987), o famoso filme de Brian De Palma sobre Eliot Ness e Al Capone.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

domingo, 14 de outubro de 2012

Nuvem incandescente

Uma enorme, impressionante e interativa instalação criada pela artista Caitlind "Remote Control" Brown (com colaboração de Wayne Garrett) chamou a atenção na Nuit Blanche, um festival anual de arte contemporânea (que dura apenas uma noite) realizado em Calgary, no Canadá. A Nuvem era formada por 6.000 lâmpadas: 1.000 em soquetes com longas correntes para acender e outras 5.000 queimadas e doadas pelo público.


Os visitantes eram os responsáveis pelo visual da obra que mudava a todo instante. As correntes davam a impressão da chuva e o acender e apagar das luzes deixavam a nuvem carregada de raios.




Ideia e efeito visual incríveis!
(Via Bem Legaus)

sábado, 13 de outubro de 2012

Nuvem útil

Um designer russo - que parece se chamar Dmitry Kulyaev - gosta de ser lúdico/cômico na hora de fazer produtos. Por exemplo, vendo a feia saída de um cano para a calha do telhado de uma casa, pensou isso:


Divertido o Cloud, não? Próprio para alegrar um feriado prolongado e nublado.
(Via Bem Legaus)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Pirulito da paz

Gosto muito das postagens da designer Lígia Fascioni e a de hoje merece citação por aqui:
Vi uma mulher no metrô com uma cara tão indignada e mal-humorada que me fez pensar na teoria do pirulito. Se eu tivesse um na bolsa, juro que ofereceria para a moça na mesma hora. Se ela recusasse, a cara não ia ficar pior mesmo. Mas se aceitasse o mundo ganharia mais um sorriso, o que não é pouco se a gente for um pouquinho ambicioso e pensar na coisa em escala.

Imagine uma reunião tensa entre líderes de países em crise, naquele momento em que todo mundo quer ter razão e ninguém quer ceder. Se o pessoal da diplomacia fosse mais esperto, sairia distribuindo pirulitos. Certeza de sucesso! Quem sabe guerras não seriam evitadas com esse artifício?

Pense numa pessoa grossa e mal educada empurrando outros numa fila. Pense nesse mesmo ogro chupando um pirulito nessa hora. Tudo muda, incluindo o comportamento do próprio, não tem como ser diferente.

Não sei se poderia ser uma solução para o problema da violência no mundo, mas do mau-humor e da malcriação, com certeza seria.

Nesse dia das crianças, saboreie um pirulito bem devagar e pense a respeito.
Bom, né? Se quiser ler a postagem completa, clique AQUI. Mas saia agora e chupe um pirulito!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Cores por um fio

Gabriel Dawe nasceu na Cidade do México, onde cresceu rodeado pela intensidade e cor da cultura mexicana. Por ser menino, foi proibido de explorar os tecidos e os bordados coloridos... Então, depois de trabalhar como designer gráfico, partiu em busca de liberdade criativa em outros países para subverter as noções de masculinidade e machismo arraigadas em sua cultura. Assim, suas instalações são feitas de fios e tecidos completamente coloridas e suspensos.


F-O-D-A. Do conceito ao resultado final.